sexta-feira, 25 de março de 2011

Atu XX - O Aeon

Aeon

O Atu XX não é mais o Julgamento que vemos nos outros Tarots, porque este agora demarca o nascimento de uma Nova Era, onde não mais existe a concepção de julgamento ou de punição de uma divindade sobre seus adoradores. Este Atu é um dos mais belos do Tarot de Thoth, pois também demarca o resgate das raízes espirituais do mundo ocidental. Temos a Criança Coroada, livre e inocente, pisando sobre o passado e sobre as aberrações cometidas sob os direitos mais básicos do ser humano: o direito a ser Feliz. A Criança não nos mostra mais o nascimento, vida e morte, mas a continuidade da existência: a Eternidade.

Aleister Crowley escreveu apropriadamente quando descreveu Thelema: “…representa não meramente uma nova religião, senão uma nova cosmologia, uma nova filosofia, uma nova ética. Coordena os inconexos descobrimentos da ciência. Seu alcance é tão vasto que resulta impossível aludir sequer, a universalidade de sua aplicação… O Æon de Hórus, do Filho, não é meramente um símbolo de crescimento e sim da completa independência e inocência moral. Podemos pois esperar que, o Novo Æon liberte a humanidade de sua falsa pretensão de altruísmo, de sua obsessão pelo medo e da sua consciência do pecado.”

A palavra Aeon, vem do grego e quer significar Era ou ciclo de tempo. Existem algumas divergências quanto tempo dura um Aeon, mas esta é uma discussão menor. Cada Era possui um período de estabelecimento, solidificação, decadência e desaparecimento. O período de transição entre um Aeon e outro, é conhecido em Thelema como Aeon de Maat, a neter egípcia do Equilíbrio e da Lei. Esse período relativamente curto é caracterizado pelo avanço rápido de tecnologias e da psique humana, mas também por graves crises planetárias, como que a humanidade presenciou nos meados do século XX.

O Atu do Aeon nos apresenta duas formas de vermos o universo e a nós mesmos, são formas distintas, mas complementares. Aqui a Promessa da Fórmula (Thelema) e da Palavra (Abrahadabra) do Aeon estão integralmente cumpridas. Este é o Sol da meia noite. É o Caminho além de todas as limitações, quer sejam físicas, mentais, espirituais, etc. Aqui vemos a Santíssima Fraternidade da Estrela de Prata coroando sua Criança.

Temos neste Atu as principais “divindades” que compõem o panteão de Thelema: Nuit, no formato da letra grega Omega; Hadit, na forma do globo alado (o ponto focal da Consciência); Ra-Hoor-Khuit, o  Mestre entronado e conquistador. Porém temos muito mais do que isto, vemos a Única e Verdadeira divindade que rege todo o Aeon que é Hoor-paar-kraat: o ser humano que é a única divindade digna de ser adorada. Hoor-paar-kraat é a Criança que é acolhida perante o Universo.

“Não existe deus senão o homem.”

Percebemos de maneira clara que esta é, exotericamente, o último Atu dos Arcanos Maiores, pois a seguinte demarca o início de uma nova etapa: onde um ciclo se encerra e outro se inicia. O Atu seguinte é a perpetuação de um novo e desconhecido Caminho.

Particularmente acredito que o Aeon de Hórus (a Era de Aquário/Leão) começou definitivamente no ano de 1950 e.v., com a invasão do Tibet pela China (na época, comunista). Ao contrário dos que acreditam que a “religão” do velho Aeon era o cristianismo, percebo que ela era o Budismo, com toda sua noção sobre o Sofrimento. Era o Tibet o último bastião da antiga religião, que ao longo dos séculos teve a base de sua Verdade corrompida pela falta de Entendimento dos ensinamentos de Buda. Percebemos que o Budismo (que tanto admiro e respeito) foi a síntese mais perfeita das religiões e seitas que se preocupavam basicamente com a noção do Sofrimento.

Rompemos assim, definitivamente, com toda noção de dor e de sofrimento. Não existe julgamento e punição aqui ou em qualquer outro mundo. O Liber AL vel Legis deixa claro que a existência é puro prazer. Não existe mais submissão ou medo perante qualquer deus e seus escravos. Uma Nova Era surgiu dos escombros de civilizações decadentes e de seitas escravocratas. Liberdade gera responsabilidade. Buscamos no princípio da civilização humana as nossas raízes, para criarmos um futuro onde a Liberdade, o Amor, a Vida e a Luz deverão brilhar nas palavras e nas ações de cada ser humano. A inocência da Criança nos libertou do tirano e de suas covardias.

FAZE O QUE TU QUERES HÁ DE SER TUDO DA LEI.

AMOR É A LEI, AMOR SOB VONTADE.

quinta-feira, 24 de março de 2011

O que é o Tarot?

Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei.

O Tarot é um conjunto de 78 cartas dividido em Arcanos Maiores (22 Atus) e Arcanos Menores (56 Atus). Os Arcanos Maiores são divididos em duas categorias: os Personagens e os Caminhos. Os Personagens podem ser estudados individualmente ou em pares, preferivelmente. Os Caminhos são divididos em duas categorias distintas, mas relativamente similares, onde nos mostram o Caminho realizado pelo homem comum e o Caminho realizado pelos Iniciados. Os Arcanos Menores são divididos entre os Arcanos Menores (40 Atus), propriamente dito, e pelas Cartas Magnas, ou Cartas da Corte, ou Famílias (16 Atus).

O Tarot é um dos métodos divinatórios mais conhecidos no mundo ocidental ao longo dos séculos, cujo objetivo principal não é a advinhação do futuro, mas o de auxiliar o ser humano na direção mais fácil e natural na resolução de seus problemas afetivos, espirituais, de saúde, financeiro, profissional, etc. No entanto, este é apenas o seu lado superficial, exotérico. O Tarot é talvez o mais famoso e com certeza o mais elaborado dos Livros Mudos, ao lado do: Liber Solis, Mutus Liber, etc. É a representação simbólica e arquetípica de todo o processo de vida que o homem comum e os Iniciados terão de passar, com suas provas, suas condições mentais, caminhos, dificuldades…

Estas cartas não vieram trazidas do oriente pelos ciganos, com certeza, e nem se tem provas sustentáveis de que foram desenvolvidas no antigo Egito. O que sabemos com certeza, é que o Tarot, assim como a Cabala, seguiu um processo próprio de evolução ao longo dos séculos. Muitas escolas de mistério auxiliaram no seu desenvolvimento, refinando-o com novos símbolos à medida que se tornava necessário. A Hermetic Order of the Golden Dawn é um exemplo. O Tarot sem sombra de dúvida é um “produto” exclusivamente ocidental, feito para o homem ocidental.

O Tarot de Thoth, erroneamente chamado por Tarot do Crowley, foi desenvolvido basicamente para incorporar as novas teorias e práticas da Magia(k) e para representar graficamente as novas condutas do Æon de Aquarius-Leo, baseado nos ensinamentos e nas Fórmulas expostas no Líber AL vel Legis. Algumas correções e melhorias foram introduzidas para manter viva a Tradição do Tarot e para poder acompanhar a evolução da psique humana. Como o próprio Liber AL vel Legis expõe, correções são necessárias para que o Seu Livro esteja sempre capaz de acompanhar a evolução humana.

Thoth era o neter (Princípio, Essência) que simbolizava no antigo Egito a Sabedoria oculta em cada homem, daí ele ser considerado uma “divindade” lunar. Ao contrário do que muitos acreditam, na mais remota antiguidade, a Lua era masculina, pelo simples fato do homem não ser gerador da vida, mas um simples reflexo. O homem (macho) era a representação das energias adormecidas na natureza, que tinham de ser despertadas. Portanto, o Sol era feminino, pois a vida, a manifestação, emana da mulher. Thoth era a Sabedoria latente no ser humano. Sabedoria esta que era irradiada pelo Sol Oculto (Amen Ra / Hoor-paar-kraat), o Andrógino primordial, a primeira Manifestação do Nada, que em Thelema chamamos de Nuit (Noite). A Lua que Thoth trás em sua coroa (Kether) é a Noite.

O Tarot de Thoth, por sua vez, possui como diferencial uma observação simples e direta do problema, e indica uma resolução de tais problemas, não se apegando a questões de moralidade. Não sendo apenas um dos mais belos Tarots já desenvolvidos, é o mais completo de todos à nível de simbologia e de mitologia, tendo sido desenhado pela artista plástica Frida Harris entre os anos de 1938 e.v. e 1943 e.v. O Tarot é o casamento mais perfeito entre a Cabala e a Alquimia, é a síntese mais brilhante destas duas Artes divinas que a civilização ocidental já possuiu; é na verdade um sistema visual interno de evolução espiritual e não um simples sistema adivinhatório.

Enfim, o Tarot é muito mais amplo do que um simples jogo de adivinhação e de previsão, serve como um mapa para todo homem e mulher que almeja trilhar o Caminho de retorno ao Lar. Quem estuda à fundo o Tarot percebe que ele é, primordialmente, um Livro Inspirado, mas que ao longo dos séculos foi decodificado por uma vasta gama de Iniciados, que também deixaram nele as suas contribuições. Contribuições não apenas no campo da Iniciação, mas também uma visão crítica do seu tempo e muitas vezes com um profundo censo de humor, catacterístico. O baralho de Tarot não tem nada de místico e nem precisa ser idolatrado, uma vez que não passa de um simples papel cartão desenhado, mas é impossível não olharmos o Tarot de Thoth e nos maravilharmos com sua riqueza.

Amor é a lei, amor sob vontade.

sábado, 19 de março de 2011

Atu XV – O Diabo

Nada melhor do que iniciarmos este nosso blog do que fazer um rápido comentário sobre o Atu XV, o Diabo, que é o arcano que em Essência rege todo o Tarot e, consequentemente, qualquer jogo realizado com este.

Diabo

O Diabo, longe de qualquer conceito retrógado em que se baseia o senso comum, representa a Verdadeira Vontade, dentro do conceito thelêmico da palavra. Apesar deste Atu em si não representar propriamente a imagem do Sagrado Anjo Guardião, representa o conceito de Virilidade, de Vigor e de Força, que libera as energias ativas e passivas no ser humano. O Atu concentra em si as duas potencialidades de ação e não ação, convergendo-as em uma única direção.

Este Atu (ou arcano) demarca o Caminho do Iniciado na direção do Infinito, rompendo com todas as limitações e mostrando um novo rumo. O bode montês representa a ascensão do homem além dos seus limites físicos e psíquicos. Esta ascensão é realizada por causa do Amor, representado pela guirlanda de flores em sua cabeça, dirigido pela Vontade, daí que temos: “Amor sob vontade”. O Falo em que o bode se encontra é a representação da Verdadeira Vontade que é “injetada” no Adepto. Se observarmos o Atu I, O Magus, veremos o Iniciado sendo impulsionado pelo babuíno de Thoth, uma alusão ao Anjo Guardião.

O bode é a Besta que é liberta nos campos para subir pelas montanhas em direção aos Céus. A Besta aqui é o Adepto e a montanha, a morada dos deuses, é para onde o Adepto se esforça em chegar. Os anéis de Saturno é uma alusão à Esfera de Binah. Portanto, este Atu demarca de maneira sutil o Conhecimento ou Conversação do Sagrado Anjo Guardião.

O Diabo é a ciência que liberta e que nos aprisiona, pois ele é a manifestação e a transcendência dos conceitos estabelecidos. Por ter o seu Terceiro Olho aberto, ele passa a ser o Pai de toda e Verdadeira Ciência. Assim sendo, ele é o Senhor da mais alta Magia(k) e a face mais oculta de Deus. O Diabo é a outra face de Deus (i.e., o homem), é aquele que reage e destrói a estagnação. Devemos compreender que o Ego odeia mudanças e o Diabo é o princípio da mudança.

Neste Atu, o Crowley faz uma referência explícita ao processo de trabalho com os Chakras utilizado pela O.T.O.

Obviamente que nenhuma pessoa inteligente acredita realmente que exista um diabo que serve exclusivamente para atormentar a vida dos pacatos cidadãos. O diabo na Idade Média até os dias atuais é visto dentro das Fraternidades Iniciáticas como aquilo que a psiquiatria e a psicologia chamam de Ego. O diabo é o nosso próprio Ego (Choronzon). Aquele que nos impede de nos observarmos com clareza a realidade ao nosso redor, apesar dele ser extremamente necessário no caminho que nos leva aos Céus. Dentro dos testículos podemos ver as forças passivas e ativas – as energias duais –, a luz e as trevas que compõe cada ser humano. Não se tem como conhecer a luz sem passar irremediavelmente pelas trevas e vice versa.

Nut, Shu e Geb

Na imagem egípcia de Nu, Shu e Geb, vemos Geb, a terra ou o homem, de membro ereto. Isto representa que, sem vontade nenhum homem poderá atingir a Shu, o intermediário entre o Céu e a Terra, ou o nosso Sagrado Anjo Guardião. Nu, o Céu, é a manifestação de Nossa Senhora Nuit, a Senhora do Infinito Espaço e das Infinitas Estrelas. Portanto, este Atu representa a Vontade retamente elevada à uma única direção. Nesta imagem podemos observar de maneira sutil a Fórmula: ABRAHADABRA.

OS AMANTES

O arcano dos Amantes, nos primeiros Tarôs, representa o Cavaleiro que recebe a mão da filha do Rei em casamento, após algum feito extraordin...