sábado, 10 de setembro de 2011

Atu Dois de Copas – Amor

2 de Copas

Ela é o Amor? Infelizmente não, Ela é a Vontade, que vem na sequência dos Atus, pois mesmo o Amor está em divisão. O Amor possui duas faces distintas, pois ele se banha em duas fontes: a das Águas Doces e das Águas Amargas. Amar é saber obedecer, é dominar a ansiedade e a curiosidade. Amar é apenas ser Íntegro em um exato momento. Se conhecermos a Raiz da Formação do Amor, compreenderemos a sua Natureza, mas o homem comum está distante, ele nada nas águas lodosas daquilo que simplesmente resta.

O Amor é aquilo que une e que divide: esta é a Natureza de Vênus. Poucos, no entanto, presenciaram o seu Nascimento, poucos são os vencedores da tal da Ordália X. Seu Filho se deteve em Daath, porque ele queria saber como que nós lidaríamos com nossas irmãs, o Ego, pois este era o nosso Jogo. Sim, Ela casou com o Senhor das Profundezas da Terra, mas o seu filho nasceu de Marte, seu amante. Assim, no Amor não existe qualquer resquício de Pecado, apenas Força e Vigor. Nesse Jogo, o que une é a Vontade (Dharma) e o que separa é o Amor (Karma).

Para conhecer Câncer é necessário mergulhar até as profundezas das águas, daquelas mesmas águas lodosas. O mergulho não pode ser feito sem o Consentimento de Vênus, isto é, sem o conhecimento de sua Natureza. Ela é o Céu. Ela é ISIS, em todo o Seu esplendor azul. E Ela disse:

Pois Eu estou dividida por causa do amor, para a chance de união.

Esta é a criação do mundo, para que a dor da divisão seja como nada, e o prazer da dissolução tudo.

Para estes tolos dos homens e para seus infortúnios não atenteis de todo! Eles sentem pouco; o que é, é balançado por fracos prazeres; mas vós sois os meus escolhidos.

Obedecei ao meu profeta! Persisti nas ordálias do meu conhecimento! Buscai-me apenas! Então os prazeres do meu amor vos redimirão de toda a dor. Isto é assim; Eu juro pela cripta de meu corpo; por meu sagrado coração e língua; por tudo que Eu possa dar, por tudo que Eu deseje de vós todos.

AL, I, 29/32.

Amar nunca foi fácil e talvez aqui estejamos perante a mais difícil das Ordálias: AMOR. As Fórmulas mudaram; muitos dos Sistemas foram aprimorados para acompanhar a evolução da psiqué humana; a Tradição foi revigorada e nós continuamos sem saber amar. Porque talvez sequer saibamos o que amamos.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Atu Dez de Copas - Saciedade

Saciedade

Estamos diante do princípio do desejo animal, que tende a arder furiosamente durante toda a vida humana. Por outro lado, representa o instinto das necessidades básicas da natureza de todos os animais, pois este Atu faz parte do instinto da alma animal (Kâma Rûpa).

O que sacia os nossos sentimentos: sexo, violência, solidão, dor...? Diversas são as fontes das nossas frustrações sempre movidas por ansiedades. Nada satisfaz o ser humano, nada para ele parece ser o suficiente, nunca existe descanso ou um limite. Nada para ele parece estar completo, uma vez que existe aqui o motor da impermanência. Existe limite? Existe realmente algo que nos satisfaz? São verdadeiras nossas paixões?

Em uma carta do meu falecido Instrutor, ele diz claramente: “O transe da saciedade leva o estudante a conhecer as primeiras portas da obscuridade de sua alma”. Com certeza, muitos mergulham no treinamento da mente, mas poucos são os que aprendem a Sentir. Este transe é o que irá aos poucos fortalecer o nosso Ego (Choronzon) e nos fará conhecer o grande demônio que se oculta no labirinto de nossa mente.

Aqui temos o princípio do refinamento humano, porque de todos os Dez este parece, apenas parece, ser o mais fácil de ser solucionado. Enquanto que os outros requerem coragem de decisão este requer a sensibilidade na direção de um verdadeiro trabalho de refinamento e de aceitação.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Atu A Princesa de Paus

Princesa de Paus

Ela é a representação dos extremos, o extremo da ousadia, a ousadia inocente que desconhece o limite do perigo. A ousadia da inocência perante o mundo. Na busca da sua luz ela avança resoluta, mesmo que tenha de abrir mão de todas as suas riquezas. A nossa Princesa imola seu ego no seu fogo puro, no fogo do incenso, entregando a si mesma ao desconhecido. Pura como o fogo e a terra, ela se lança, ela dança, ela se eleva. Como uma jovem virgem ela entrega sua pureza, dá o último passo na direção de sua escolha, de sua volúpia, de sua liberdade.

A Princesa é a jovem rica e rebelde que escolhe o seu caminho quase que instintivamente, quase que inocentemente, inocentemente... Se há dúvida em seu coração, nós nunca o saberemos, pois ela segue firme, adaptativa, violenta muitas vezes, mas com a certeza de que sairá vitoriosa.

Impetuosa, fértil, rica, inocente sem dúvida, esta é a Princesa do Palácio dos Deuses. Sua ousadia é digna do nosso amor e da nossa admiração, pois devemos saber que nela congrega as três outras qualidades das nossas Princesas.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Atu 0 – O Louco

Louco 

O Louco, o charlatão, o bobo da corte é também o nosso querido palhaço, aquele que ao nos fazer rir impulsiona a humanidade na direção de sua evolução. O palhaço é uma classe especial de homem, pois há de se ter talento para fazer rir e refletir ao mesmo tempo. Devo aqui repetir uma frase que certa vez utilizaram para elogiar o maior palhaço do século XX, Sir Charles Chaplin, que diz o seguinte: “O palhaço é aquele que ao saltar de um trampolim se elevou tão alto que ultrapassou as nuvens e todos os limites humanos, e atingiu as estrelas”.

O nosso palhaço é aquele que consegue realmente tocar as estrelas, que vê tudo a distância, com claridade e humildade. Ao fazer isso, ele nos traduz sua visão através de uma experiência mais profunda. Ao fazer isso, ele se comporta como o diabo, o anti herói, que ri e nos faz rir de nosso dia a dia, das nossas maselas, dos nossos sonhos humanos... É o único que consegue e que tem a nossa autorização para falar a verdade, de nos questionar. Assim como o diabo, ele ri de nós e nos convida a rir com ele, mas quem consegue rir de si mesmo? Quem consegue rir de suas próprias desgraças? Quem consegue rir de suas tolas conquistas? O palhaço é aquele que também consegue rir de seus mais profundos fracassos, daí o motivo de ser realmente engraçado. Só não ri quem está morto para toda e qualquer forma de verdade. Só não ri quem não é verdadeiramente livre.

O Louco é o que rompe com as fronteiras do tempo e das limitações. É o primeiro que rompe por terras desconhecidas e poucos são aqueles que teem a coragem de segui-lo. Segui-lo é deixar para trás um estranho e velho mundo moribundo, no qual nos acostumamos a andar como animais selvagens enjaulados. Segui-lo é reunir todas as nossas últimas coragens e arriscar uma nova vida ou uma velha morte.

Todo Louco é um solitário. Todo Louco é um Santo. Todo Louco é um embriagado de Amor. Todo Louco está morto para os olhos daqueles que não o entendem como tal. Todo Louco transcendeu sua masculinidade e sua feminilidade, ele é completo! Todo Louco é Inocente. Todo Louco é uma Criança e uma Besta...

A Besta e a Criança

O Diabo ri de maneira contida, quase imperceptível. O palhaço ri de maneira escrachada, sem dúvida. Um está rindo do mundo; o outro de si mesmo. Algumas vezes é difícil saber quem é um e quem é o outro, mas ambos são similares em essência. Durante certo tempo na história, o riso foi acorrentado da mesma maneira como as pessoas eram pelos seus senhores seculares e religiosos, mas é impossível deter o riso, o prazer, a alegria... A alegria é o princípio de toda liberdade. Não existe amor sem alegria. Não existe vida sem liberdade. Não existe luz sem o palhaço...

Devo contar, portanto, algo que descobri ao longo destas linhas: é o Louco quem nos insere na vida, da mesma maneira que o Diabo nos insere em nós mesmos. Por isso ambos estão rindo, nos convidando a sermos como seu macaquinho. Somos os seus aprendizes no final das contas. Adquirimos ao longo de nosso treinamento no picadeiro, a termos “o ponto” certo para o humor, para dizermos a verdade ao longo da piada.

Devemos aprender a rir, a rir de nossas virtudes e de nossos vícios. O riso nos mantém lúcido no momento da coroação de nossos objetivos. É o que mantém nossos pés fincados na realidade quando tudo à volta é insanidade.

O Louco é visto pelo velho mundo como um charlatão, um demônio, mas, em verdade, ele não passa de uma simples Criança, brincando com seu bichinho de estimação em seu jardim. O Louco em toda sua Verdade é um Solitário, um quase abandonado, mas se existe realmente uma Luz, esta emana dele...

Louco2

Quem é verdadeiramente este Louco? Leiam e estudem Liber Tzaddi vel Hamus Hermeticvs, Liber Cheth vel Vallum Abiegni… Invoquem cada célula de vossos corpos para direção deste Caminho… Como diz o Liber Cordis Cincti Serpente, Capítulo IV, Versículos 54 à 61:

Este meu coração está cingido com a serpente que devora seus próprios anéis da cauda.

Quando haverá um fim, ó meu querido, ó quando serão o Universo e o Senhor deste completamente engolidos?

Não! quem devorará o infinito? Quem desfará o Erro do Princípio?

“Tu gritas como um gato branco no telhado do Universo; existe nenhum para te responder.

“Tu és como um solitário pilar no meio do mar; nenhum existe para Te ver, ó Tu, que vês tudo!

“Tu esmoreces, tu falhas, tu, escriba; gritou a desolada Voz; mas Eu te enchi com um vinho cujo sabor tu não conheces.

“Ele servirá para embriagar o povo da velha esfera cinzenta que rola no infinitamente Longe; eles lamberão o vinho como cães que lambem o sangue de uma linda cortesã trespassada pela Lança de um veloz cavaleiro que atravessa a cidade.

“Eu também sou a Alma do deserto; Tu deves buscar-me novamente ainda na solidão da areia.”

Benção e Veneração à Besta, o Profeta da Amorável Estrela.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Atu A Rainha de Copas

Rainha de Copas

Que ilusão é pior do que aquela em nossos corações?

O sentimentalismo é uma praga que corrói a existência, que cega o homem da realidade. Este aqui é amor egóico que leva às piores barbaridades: o amor por alguém; o amor por uma determinada fé; o amor por seus bens materiais...

O homem tem como treinar sua mente e livrá-la das ilusões, mas qual é o treinamento para se ter domínio sobre os sentimentos? Pode algum ser humano dizer que amou de verdade algum dia?

A Rainha de Copas não pode dizer que sabe amar. Ela se perdeu na ilusão de seus sentimentos. Ela diz amar você, mas nem mesmo a ela, ela sabe amar. Ela é o servilismo do amor, que faz afundar e a se afogar em um sentimento que parece ser verdadeiro, mas que não passa de névoas de ilusão e de egoísmo. A Esfera de Daath está diretamente relacionada com o Anahatha Chakra. Assim, temos o Conhecimento do Amor, mas quem realmente amou? Quem realmente sabe o que é amar? Nuit não diz que aquilo que nos une é o mesmo o que nos separa? Portanto, que haja aqui Entendimento.

Pois Eu estou dividida por causa do amor, para a chance de união.

Esta é a criação do mundo, para que a dor da divisão seja como nada e o prazer da dissolução tudo.”

AL, I, 29 /30.

Atrás de todo sentimento intenso – e verdadeiro – esconde-se uma obsessão. Não estamos diante de um verdadeiro amor, mas de uma distorção da realidade, do agravamento da ilusão, da formação da maioria das doenças mentais. As pessoas acham lindo o sentimentalismo de uma pessoa bondosa, mas não percebem que ali reside o germe do ego.

Os piores crimes contra o ser humano foram realizados em nome de algum amor.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Atu VII – A Carruagem

Carruagem

O que seria do ser humano sem um Destino?

Temos aqui de fazer uma escolha, certa ou errada, não importa. Não é mais tempo para se ficar parado. A vida é uma missão livremente aceita, a vida é curta e só estamos nela porque algo precisa ser feito. A vida anda, nos engole e a Felicidade está aqui e agora, e não no amanhã. A vida nos mostra várias possibilidades, caminhos diversos e eles devem ser escolhidos e percorridos. Escolhas nunca são fáceis, ainda mais quando vemos a possibilidade de ter nosso sangue exposto. Mas não podemos esquecer que um pacto foi feito há muito tempo e que agora deverá ser cumprido.

Existe neste Atu um mistério sagrado demais, oculto como a sabedoria que se revela nas linhas do Al Curan. Nada aqui é aparente, como não é aparente a riqueza superior da terra sobre o céu. ABRAHADABRA é o mistério por detrás deste Atu. É o Amor unindo os divididos e é o movimento deste Amor que nos leva à plena realização da Verdadeira Vontade.

No Atu VII se esconde Nossa Senhora Nuit na forma plena do Amor. Sim, mas há um Mistério aqui: um homem, uma esfinge, um guerreiro, um deus... ou tudo isto ao mesmo tempo. Então, que sangue seja derramado: vivo, rico, fresco, eterno... Pois nele surge Ele que é Único, em Força e Vigor, modificando o mundo.

Durante anos tive muita dificuldade em compreender este Atu, mas isto é compreensível, por ser este o mais sagrado entre todos. Nele está Tu, meu Amado! Nele somos vistos como Um.

Ele nos mostra nossa Verdadeira Vontade e treina nossa inteligência nela, mas cabe à nós descobrir como exercê-la plenamente. Então, Ele se oculta de nós, nos cobra Felicidade, nos confunde, nos sangra em Amor, nos oferece tudo o que precisamos... Nossos pés cansados titubeiam, dobramos de joelhos, mas logo erguemos outra vez nossas armas. Avançamos. Brandimos nossas lanças e escudos. Gritamos alto nossa Palavra de guerra. E Ele diz, quase casualmente: “Nada poderá feri-lo. Tu és nosso!” Avançamos sem pensar em vitória. Avançamos porque fomos treinados para isto. Vida, morte, eternidade... Não pensamos nisto, mas apenas em prosseguir adiante, com a Vontade perante nossos olhos e o Amor cravado em nosso peito.

Assim, Narananda avança sobre os exércitos do seu passado, destruindo o que já é velho, mas resgatando o que deve ser salvo. Na Carruagem o seu Mestre mostra-lhe a direção, mas quem vai adiante é ele. Não existe livre arbítrio: isto é para os deuses escravos. Não existe uma única Verdade, mas várias que se complementam e somos treinados em todas elas através de uma Lei.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Atu O Príncipe de Paus

Príncipe de Paus 

Temos aqui a consciência da força e da agressividade, da virilidade, da vitalidade, da robustez física e da retidão mental, da impetuosidade e tudo isto movido por um querer indubitável. Vemos a Vontade em movimento, como uma força incontrolável de destruição e criação, pois alguma que é destruída necessita que algo melhor seja colocado em seu lugar. O Príncipe de Paus é a inteligência do fogo, a rapidez de raciocínio e a plena compreensão das coisas ao seu redor. Estamos perante a plena realização da Verdadeira Vontade.

Este Atu nos mostra a consciência, fruto do conhecimento prático e teórico. A movimentação perpétua de um Conhecimento que é adquirido e repassado. Um sacrifício imposto e auto imposto. Uma realeza que é assumida definitivamente. Uma solidão da qual não se tem como fugir. Só vence aquele que conhece aquilo que quer.

O Príncipe de Paus é aquele que irá tomar o seu lugar de direito entre os poderosos. Podemos ver nele a face do Orgulho, a segurança e o sucesso por onde quer que ele passe. Ser jovem é uma questão mental e não física. Ser príncipe, e depois rei, é uma questão de berço. Portanto, só se pode abrir mão daquilo que se tem e daquilo que se é, e nem mesmo assim se consegue de todo.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Atu XX - O Aeon

Aeon

O Atu XX não é mais o Julgamento que vemos nos outros Tarots, porque este agora demarca o nascimento de uma Nova Era, onde não mais existe a concepção de julgamento ou de punição de uma divindade sobre seus adoradores. Este Atu é um dos mais belos do Tarot de Thoth, pois também demarca o resgate das raízes espirituais do mundo ocidental. Temos a Criança Coroada, livre e inocente, pisando sobre o passado e sobre as aberrações cometidas sob os direitos mais básicos do ser humano: o direito a ser Feliz. A Criança não nos mostra mais o nascimento, vida e morte, mas a continuidade da existência: a Eternidade.

Aleister Crowley escreveu apropriadamente quando descreveu Thelema: “…representa não meramente uma nova religião, senão uma nova cosmologia, uma nova filosofia, uma nova ética. Coordena os inconexos descobrimentos da ciência. Seu alcance é tão vasto que resulta impossível aludir sequer, a universalidade de sua aplicação… O Æon de Hórus, do Filho, não é meramente um símbolo de crescimento e sim da completa independência e inocência moral. Podemos pois esperar que, o Novo Æon liberte a humanidade de sua falsa pretensão de altruísmo, de sua obsessão pelo medo e da sua consciência do pecado.”

A palavra Aeon, vem do grego e quer significar Era ou ciclo de tempo. Existem algumas divergências quanto tempo dura um Aeon, mas esta é uma discussão menor. Cada Era possui um período de estabelecimento, solidificação, decadência e desaparecimento. O período de transição entre um Aeon e outro, é conhecido em Thelema como Aeon de Maat, a neter egípcia do Equilíbrio e da Lei. Esse período relativamente curto é caracterizado pelo avanço rápido de tecnologias e da psique humana, mas também por graves crises planetárias, como que a humanidade presenciou nos meados do século XX.

O Atu do Aeon nos apresenta duas formas de vermos o universo e a nós mesmos, são formas distintas, mas complementares. Aqui a Promessa da Fórmula (Thelema) e da Palavra (Abrahadabra) do Aeon estão integralmente cumpridas. Este é o Sol da meia noite. É o Caminho além de todas as limitações, quer sejam físicas, mentais, espirituais, etc. Aqui vemos a Santíssima Fraternidade da Estrela de Prata coroando sua Criança.

Temos neste Atu as principais “divindades” que compõem o panteão de Thelema: Nuit, no formato da letra grega Omega; Hadit, na forma do globo alado (o ponto focal da Consciência); Ra-Hoor-Khuit, o  Mestre entronado e conquistador. Porém temos muito mais do que isto, vemos a Única e Verdadeira divindade que rege todo o Aeon que é Hoor-paar-kraat: o ser humano que é a única divindade digna de ser adorada. Hoor-paar-kraat é a Criança que é acolhida perante o Universo.

“Não existe deus senão o homem.”

Percebemos de maneira clara que esta é, exotericamente, o último Atu dos Arcanos Maiores, pois a seguinte demarca o início de uma nova etapa: onde um ciclo se encerra e outro se inicia. O Atu seguinte é a perpetuação de um novo e desconhecido Caminho.

Particularmente acredito que o Aeon de Hórus (a Era de Aquário/Leão) começou definitivamente no ano de 1950 e.v., com a invasão do Tibet pela China (na época, comunista). Ao contrário dos que acreditam que a “religão” do velho Aeon era o cristianismo, percebo que ela era o Budismo, com toda sua noção sobre o Sofrimento. Era o Tibet o último bastião da antiga religião, que ao longo dos séculos teve a base de sua Verdade corrompida pela falta de Entendimento dos ensinamentos de Buda. Percebemos que o Budismo (que tanto admiro e respeito) foi a síntese mais perfeita das religiões e seitas que se preocupavam basicamente com a noção do Sofrimento.

Rompemos assim, definitivamente, com toda noção de dor e de sofrimento. Não existe julgamento e punição aqui ou em qualquer outro mundo. O Liber AL vel Legis deixa claro que a existência é puro prazer. Não existe mais submissão ou medo perante qualquer deus e seus escravos. Uma Nova Era surgiu dos escombros de civilizações decadentes e de seitas escravocratas. Liberdade gera responsabilidade. Buscamos no princípio da civilização humana as nossas raízes, para criarmos um futuro onde a Liberdade, o Amor, a Vida e a Luz deverão brilhar nas palavras e nas ações de cada ser humano. A inocência da Criança nos libertou do tirano e de suas covardias.

FAZE O QUE TU QUERES HÁ DE SER TUDO DA LEI.

AMOR É A LEI, AMOR SOB VONTADE.

quinta-feira, 24 de março de 2011

O que é o Tarot?

Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei.

O Tarot é um conjunto de 78 cartas dividido em Arcanos Maiores (22 Atus) e Arcanos Menores (56 Atus). Os Arcanos Maiores são divididos em duas categorias: os Personagens e os Caminhos. Os Personagens podem ser estudados individualmente ou em pares, preferivelmente. Os Caminhos são divididos em duas categorias distintas, mas relativamente similares, onde nos mostram o Caminho realizado pelo homem comum e o Caminho realizado pelos Iniciados. Os Arcanos Menores são divididos entre os Arcanos Menores (40 Atus), propriamente dito, e pelas Cartas Magnas, ou Cartas da Corte, ou Famílias (16 Atus).

O Tarot é um dos métodos divinatórios mais conhecidos no mundo ocidental ao longo dos séculos, cujo objetivo principal não é a advinhação do futuro, mas o de auxiliar o ser humano na direção mais fácil e natural na resolução de seus problemas afetivos, espirituais, de saúde, financeiro, profissional, etc. No entanto, este é apenas o seu lado superficial, exotérico. O Tarot é talvez o mais famoso e com certeza o mais elaborado dos Livros Mudos, ao lado do: Liber Solis, Mutus Liber, etc. É a representação simbólica e arquetípica de todo o processo de vida que o homem comum e os Iniciados terão de passar, com suas provas, suas condições mentais, caminhos, dificuldades…

Estas cartas não vieram trazidas do oriente pelos ciganos, com certeza, e nem se tem provas sustentáveis de que foram desenvolvidas no antigo Egito. O que sabemos com certeza, é que o Tarot, assim como a Cabala, seguiu um processo próprio de evolução ao longo dos séculos. Muitas escolas de mistério auxiliaram no seu desenvolvimento, refinando-o com novos símbolos à medida que se tornava necessário. A Hermetic Order of the Golden Dawn é um exemplo. O Tarot sem sombra de dúvida é um “produto” exclusivamente ocidental, feito para o homem ocidental.

O Tarot de Thoth, erroneamente chamado por Tarot do Crowley, foi desenvolvido basicamente para incorporar as novas teorias e práticas da Magia(k) e para representar graficamente as novas condutas do Æon de Aquarius-Leo, baseado nos ensinamentos e nas Fórmulas expostas no Líber AL vel Legis. Algumas correções e melhorias foram introduzidas para manter viva a Tradição do Tarot e para poder acompanhar a evolução da psique humana. Como o próprio Liber AL vel Legis expõe, correções são necessárias para que o Seu Livro esteja sempre capaz de acompanhar a evolução humana.

Thoth era o neter (Princípio, Essência) que simbolizava no antigo Egito a Sabedoria oculta em cada homem, daí ele ser considerado uma “divindade” lunar. Ao contrário do que muitos acreditam, na mais remota antiguidade, a Lua era masculina, pelo simples fato do homem não ser gerador da vida, mas um simples reflexo. O homem (macho) era a representação das energias adormecidas na natureza, que tinham de ser despertadas. Portanto, o Sol era feminino, pois a vida, a manifestação, emana da mulher. Thoth era a Sabedoria latente no ser humano. Sabedoria esta que era irradiada pelo Sol Oculto (Amen Ra / Hoor-paar-kraat), o Andrógino primordial, a primeira Manifestação do Nada, que em Thelema chamamos de Nuit (Noite). A Lua que Thoth trás em sua coroa (Kether) é a Noite.

O Tarot de Thoth, por sua vez, possui como diferencial uma observação simples e direta do problema, e indica uma resolução de tais problemas, não se apegando a questões de moralidade. Não sendo apenas um dos mais belos Tarots já desenvolvidos, é o mais completo de todos à nível de simbologia e de mitologia, tendo sido desenhado pela artista plástica Frida Harris entre os anos de 1938 e.v. e 1943 e.v. O Tarot é o casamento mais perfeito entre a Cabala e a Alquimia, é a síntese mais brilhante destas duas Artes divinas que a civilização ocidental já possuiu; é na verdade um sistema visual interno de evolução espiritual e não um simples sistema adivinhatório.

Enfim, o Tarot é muito mais amplo do que um simples jogo de adivinhação e de previsão, serve como um mapa para todo homem e mulher que almeja trilhar o Caminho de retorno ao Lar. Quem estuda à fundo o Tarot percebe que ele é, primordialmente, um Livro Inspirado, mas que ao longo dos séculos foi decodificado por uma vasta gama de Iniciados, que também deixaram nele as suas contribuições. Contribuições não apenas no campo da Iniciação, mas também uma visão crítica do seu tempo e muitas vezes com um profundo censo de humor, catacterístico. O baralho de Tarot não tem nada de místico e nem precisa ser idolatrado, uma vez que não passa de um simples papel cartão desenhado, mas é impossível não olharmos o Tarot de Thoth e nos maravilharmos com sua riqueza.

Amor é a lei, amor sob vontade.

sábado, 19 de março de 2011

Atu XV – O Diabo

Nada melhor do que iniciarmos este nosso blog do que fazer um rápido comentário sobre o Atu XV, o Diabo, que é o arcano que em Essência rege todo o Tarot e, consequentemente, qualquer jogo realizado com este.

Diabo

O Diabo, longe de qualquer conceito retrógado em que se baseia o senso comum, representa a Verdadeira Vontade, dentro do conceito thelêmico da palavra. Apesar deste Atu em si não representar propriamente a imagem do Sagrado Anjo Guardião, representa o conceito de Virilidade, de Vigor e de Força, que libera as energias ativas e passivas no ser humano. O Atu concentra em si as duas potencialidades de ação e não ação, convergendo-as em uma única direção.

Este Atu (ou arcano) demarca o Caminho do Iniciado na direção do Infinito, rompendo com todas as limitações e mostrando um novo rumo. O bode montês representa a ascensão do homem além dos seus limites físicos e psíquicos. Esta ascensão é realizada por causa do Amor, representado pela guirlanda de flores em sua cabeça, dirigido pela Vontade, daí que temos: “Amor sob vontade”. O Falo em que o bode se encontra é a representação da Verdadeira Vontade que é “injetada” no Adepto. Se observarmos o Atu I, O Magus, veremos o Iniciado sendo impulsionado pelo babuíno de Thoth, uma alusão ao Anjo Guardião.

O bode é a Besta que é liberta nos campos para subir pelas montanhas em direção aos Céus. A Besta aqui é o Adepto e a montanha, a morada dos deuses, é para onde o Adepto se esforça em chegar. Os anéis de Saturno é uma alusão à Esfera de Binah. Portanto, este Atu demarca de maneira sutil o Conhecimento ou Conversação do Sagrado Anjo Guardião.

O Diabo é a ciência que liberta e que nos aprisiona, pois ele é a manifestação e a transcendência dos conceitos estabelecidos. Por ter o seu Terceiro Olho aberto, ele passa a ser o Pai de toda e Verdadeira Ciência. Assim sendo, ele é o Senhor da mais alta Magia(k) e a face mais oculta de Deus. O Diabo é a outra face de Deus (i.e., o homem), é aquele que reage e destrói a estagnação. Devemos compreender que o Ego odeia mudanças e o Diabo é o princípio da mudança.

Neste Atu, o Crowley faz uma referência explícita ao processo de trabalho com os Chakras utilizado pela O.T.O.

Obviamente que nenhuma pessoa inteligente acredita realmente que exista um diabo que serve exclusivamente para atormentar a vida dos pacatos cidadãos. O diabo na Idade Média até os dias atuais é visto dentro das Fraternidades Iniciáticas como aquilo que a psiquiatria e a psicologia chamam de Ego. O diabo é o nosso próprio Ego (Choronzon). Aquele que nos impede de nos observarmos com clareza a realidade ao nosso redor, apesar dele ser extremamente necessário no caminho que nos leva aos Céus. Dentro dos testículos podemos ver as forças passivas e ativas – as energias duais –, a luz e as trevas que compõe cada ser humano. Não se tem como conhecer a luz sem passar irremediavelmente pelas trevas e vice versa.

Nut, Shu e Geb

Na imagem egípcia de Nu, Shu e Geb, vemos Geb, a terra ou o homem, de membro ereto. Isto representa que, sem vontade nenhum homem poderá atingir a Shu, o intermediário entre o Céu e a Terra, ou o nosso Sagrado Anjo Guardião. Nu, o Céu, é a manifestação de Nossa Senhora Nuit, a Senhora do Infinito Espaço e das Infinitas Estrelas. Portanto, este Atu representa a Vontade retamente elevada à uma única direção. Nesta imagem podemos observar de maneira sutil a Fórmula: ABRAHADABRA.

OS AMANTES

O arcano dos Amantes, nos primeiros Tarôs, representa o Cavaleiro que recebe a mão da filha do Rei em casamento, após algum feito extraordin...