segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Uma Pequena Introdução ao Tarot



Certamente que o estudo do Tarot não é algo exclusivo da “iniciação esotérica” e o mesmo pode e deve ser estudado por qualquer pessoa. Apesar que a sua perfeita compreensão só possa ser atingida através de uma percepção iniciática, o Tarot pode ser compreendido por qualquer pessoa, possibilitando-a a utilizar o mesmo como um conselheiro fiel e preciso.

Quando o Tarot “surge” no século XIV era algo apenas disponível para aqueles nobres e burgueses que podiam pagar para terem os seus próprios baralhos, que eram produzidos manualmente sob encomenda. No entanto, era perceptível que os 78 arcanos eram muito mais antigos e um dos exemplos era o arcano da Papisa (ou a Sacerdotisa), uma vez que o mito da existência de uma papisa remonta aos primeiros séculos do cristianismo e do período medieval. Os termos Imperador e Imperatriz são medievais e os primeiros baralhos que se conhecem são, o baralho de Marseille (francês) e o baralho de Visconti-Sforza (italiano), e ambos são nitidamente baralhos medievais.

Apesar do primeiro relato histórico se referir à França, sabemos que foi na Itália que o Tarot foi inicialmente estudado e desenvolvido os primeiros conceitos onde se relaciona os arcanos com magia, alquimia e, até mesmo, com a Cabala (judaica). O Tarot é certamente um instrumento totalmente desenvolvido no mundo ocidental, onde o inconsciente ocidental se manifesta em toda a sua profundidade. Foi na Itália, mais precisamente na Renascença e na cidade de Florença, que o Tarot se vale de todo o florescimento do pensamento grego clássico. O movimento hermético neoplatônico que teve início na Academia dos Médicis, em Florença, desafiou as crenças sagradas da época, desafiava as antigas concepções medievais e aproximava ainda mais o ser humano de Deus.

Este instrumento, que se manifestou pela primeira vez na Idade Média, teve no Renascimento um impulso que não cessaria até os dias atuais. O movimento hermético neoplatônico que acredita que dentro do microcosmo existe um macrocosmo e vice versa, desta maneira o autoconhecimento e o conhecimento do mundo se tornam acessíveis à todos os seres humanos, moldou e ainda molda o pensamento do Tarot.

O autoconhecimento empurrou os 78 arcanos para uma experiência psicológica, enquanto que o conhecimento do mundo e do universo empurrou para a agregação de diversas outras ciências. Para que isto pudesse ter se tornado tão grandioso como contemplamos atualmente, o Tarot tinha de ser desde de sempre um instrumento, oferecido à humanidade, de carácter amoral e puro. É um livro de imagens que cada um pode preencher com suas próprias ideias e pensamentos, que nem sempre podem estar corretas e quem nem sempre estarão completamente erradas, mas, certamente, em desenvolvimento constante.

Cada baralho, de acordo com as imagens e símbolos que são ali colocadas por cada autor (desenhista) conta a mesma história a partir de um determinado ponto de vista, de um determinado amadurecimento e conhecimento, ou, mesmo, de uma Sabedoria. São milhares de ponto de vista particulares e nestes podemos encontrar a Sabedoria. Parábolas místicas, culturais e históricas, sociológicas, psicológicas, mágicas, mas todas profundamente humanas.

As cartas, os trunfos, não são em si mágicas, somos nós que a fazemos se tornarem mágicas, a partir do momento que compreendemos o que elas estão querendo nos ensinar. São meras lâminas desenhadas belamente, mas que têm a capacidade de nos levarem à profundos transes e mergulhos tão profundos em nós mesmos que jamais retornamos à superfície. Inicialmente, as lâminas são como meros espelhos, mas depois elas se tornam em portas que uma vez ultrapassadas, suas chaves são perdidas e não há mais retorno. Elas que inicialmente geravam meros insights, passam a conversar abertamente conosco.

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